Soletrei todos os meus sentidos. Uns como preferenciais, outros na contramão.
Foi a terceira vez no dia que Edgar me perguntou se estava tudo bem. Bem, tudo nunca está, mas para abreviar uma longa discussão respondi que sim.
Depois de ter escovado todos os dentes, desde os mais pertos da goela até os da janela, passado o café e acendido o primeiro cigarro do dia, pude o perceber desconcertado com o próprio corpo, tinha esquecido como sincronizá-lo.
Observava tudo pelo espelho, evitando um confronto. Coçou a cabeça quatro vezes antes de começar a batucar na mesa de centro. Ele alternava entre suspiros breves e olhares fixos na janela.
Refugie-me no banheiro, tinha o chuveiro como alienador. Breve ópio de água quente que transcorria a alma. De volta ao real, de volta ao quarto.
Lá de dentro comecei a ouvir Edgar e seu contrabaixo. Ele o aconselhava, falava em tom grave, conseguia aliviar os suspiros. Fiquei inerte na cama e nesse momento os sons externos autofagiaram. O mundo só ouvia Edgar. Nunca o senti tão aflito, sua conversa parecia uma prece.
Abriu a porta do quarto. Queria falar que me amava.
Foi a terceira vez no dia que Edgar me perguntou se estava tudo bem. Bem, tudo nunca está, mas para abreviar uma longa discussão respondi que sim.
Depois de ter escovado todos os dentes, desde os mais pertos da goela até os da janela, passado o café e acendido o primeiro cigarro do dia, pude o perceber desconcertado com o próprio corpo, tinha esquecido como sincronizá-lo.
Observava tudo pelo espelho, evitando um confronto. Coçou a cabeça quatro vezes antes de começar a batucar na mesa de centro. Ele alternava entre suspiros breves e olhares fixos na janela.
Refugie-me no banheiro, tinha o chuveiro como alienador. Breve ópio de água quente que transcorria a alma. De volta ao real, de volta ao quarto.
Lá de dentro comecei a ouvir Edgar e seu contrabaixo. Ele o aconselhava, falava em tom grave, conseguia aliviar os suspiros. Fiquei inerte na cama e nesse momento os sons externos autofagiaram. O mundo só ouvia Edgar. Nunca o senti tão aflito, sua conversa parecia uma prece.
Abriu a porta do quarto. Queria falar que me amava.
2 comentários:
fuudiiiiiiiiiiido!
parabéns viu mininao?
não sabia da existencia desse teu blog...
beijocas do gordo.
não existindo outro pra atrapalhar, quem tem um olho enxerga melhor do que quem tem dois
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